Papa reza pelo Ano da Fé: para anunciar Jesus com alegria não se necessita de especialistas
Cidade do Vaticano (RV) - Que no Ano da Fé os cristãos "possam aprofundar o conhecimento do mistério de Cristo e testemunhar com alegria o dom da fé n'Ele". Esse é o pedido que o Santo Padre confia à oração da Igreja em sua intenção geral para o mês de janeiro.
Nestes últimos meses, sobretudo nas audiências gerais, o Papa tem desenvolvido uma reflexão específica sobre o Ano da Fé e sobre as responsabilidades que ele comporta para os cristãos.
Partir para a batalha em clara situação de desvantagem é algo que não deixa tranqüilo nenhum general, nem o último dos infantes. A não ser que sabia poder contar com um aliado de desmedida superioridade.
O Ano da Fé proclamado por Bento XVI quase três meses atrás contém para quem crê o espírito desse desafio: um combate em condições de ambiente sempre mais hostil – portanto, com as dificuldades, e também os temores induzidos pela inferioridade numérica –, mas com a certeza de que quem combate lado a lado tem a força da onipotência.
Não por acaso, ao abrir o Ano da Fé, o Pontífice impeliu os cristãos para os "desertos do mundo contemporâneo", isto é, para onde a terra da fé apresenta as rachaduras da infertilidade inclusive entre os batizados:
"O cristão hoje muitas vezes não conhece nem mesmo o núcleo central da própria fé católica, do Credo, de modo a deixar espaço para um certo sincretismo e relativismo religioso, sem clareza sobre as verdades sobre as quais crer e sobre a singularidade salvífica do cristianismo. (...) Ao invés, devemos voltar a Deus, ao Deus de Jesus Cristo, devemos redescobrir a mensagem do Evangelho, fazê-la entrar de modo mais profundo em nossas consciências e em nossa vida cotidiana." (Audiência geral, 17 de outubro de 2012)
Muitas vezes, afirma o Pontífice, a fé "é vivida de modo passivo e privado" e esse modo de ser está na base da "fratura" que existe "entre fé e vida". No entanto, reiterara recentemente Bento XVI, para tornar eficaz o anúncio de Jesus aos outros, jamais foi preciso o pedestal de uma cátedra:
"De fato, a evangelização não é obra de alguns especialistas, mas de todo o Povo de Deus, sob a condução de Pastores. Todo fiel, na e com a comunidade eclesial, deve sentir-se responsável pelo anúncio e pelo testemunho do Evangelho." (Discurso à Congregação para os Bispos, 20 de setembro de 2012)
Ademais, na intenção de oração, o Papa utiliza uma palavra que muitas vezes passa inobservada ou é considerada uma espécie de "ornamento" estético ao conceito da evangelização, ou seja, o fato de testemunhar com "alegria". Para abrir uma brecha nos muros de indiferença em relação a Deus, o Pontífice disse ser necessários cristãos "entusiastas da própria fé". Um entusiasmo, porém, que não é ingênuo:
"A alegria cristã brota desta certeza: Deus está conosco, está comigo, na alegria e na dor, na saúde e na doença, como amigo e esposo fiel. E essa alegria permanece também na provação, no próprio sofrimento, e permanece não superficialmente, mas no profundo da pessoa que se entrega a Deus e n'Ele confia." (Angelus, 16 de dezembro de 2007)
Esclarecido o contexto do desafio – e a natureza da confiança a carregar no coração –, Bento XVI enumerou as armas com as quais combatê-lo:
"Nem cajado, nem alforje, nem dinheiro, nem duas túnicas – como diz o Senhor aos Apóstolos enviando-os em missão –, mas o Evangelho e a fé da Igreja, dos quais os documentos do Concílio Ecumênico Vaticano II são expressão luminosa." (Abertura do Ano da Fé, 11 de outubro de 2012)